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quarta-feira, 15 de março de 2023

Fetarp repudia denúncias de trabalho em condições análogas à escravidão

Direitos dos trabalhadores (as) devem ser preservados, assim como remuneração adequada

Enquanto a Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais no Rio Grande do Sul (Fetar-RS), afiliada à Confederação dos Trabalhadores Assalariados Rurais (Contar), realizava na sexta (10) uma manifestação contra o trabalho escravo, organizada após o resgate de 207 pessoas em situação análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves, outra operação conjunta entre a Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, a Gerência Regional do Trabalho resgatava 56 trabalhadores em condições análogas à escravidão em duas fazendas de arroz no  município de Uruguaiana-RS (650 Km da capital).

Dos resgatados na operação em Uruguaiana-RS, todos homens, 10 eram adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. Eles trabalhavam fazendo o corte manual do arroz vermelho e a aplicação de agrotóxicos, sem equipamentos de proteção, e chegavam a andar jornadas extenuantes antes mesmo de chegarem à frente de trabalho, segundo informações dos auditores fiscais que participaram da operação. Além dos menores, havia adultos em situação análoga à escravidão. Comida estragada, sem equipamentos de segurança para aplicação de veneno na plantação, longas distâncias percorridas e sem registro profissional, foram algumas constatações feitas pelos fiscais em duas fazendas no município de Uruguaiana. O empregador foi preso pela Polícia Federal e os trabalhadores serão indenizados, segundo os auditores do trabalho.

A Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais do Paraná (Fetarp) presta seu apoio à federação do Rio Grande do Sul e repudia estes episódios de trabalho precário e em situação análoga à escravidão que vêm sendo registrados no meio rural brasileiro. “Nós vamos sempre denunciar essas ações e cobrar forte ação de fiscalização dos órgãos responsáveis. Onde houver um trabalhador ou trabalhadora rural sendo explorado, precisamos atuar com rapidez e responsabilidade, de forma a acabar com qualquer tipo de trabalho que não ofereça as mínimas condições de trabalho. Todo trabalhador (a) tem direito de ser preservado física e pscicologicamente e de ser remunerado adequadamente pelo trabalho realizado, de modo a sustentar-se e à sua família com dignidade”, destaca o presidente da Fetarp Claudinei de Carli.

Segundo Gabriel Bezerra, presidente da Contar, “a cada momento uma cadeia produtiva se mostra como escravagista - o caso das vinícolas foi apenas uma amostra, mas agora com a cadeia do arroz, o café tá piorando a situação de trabalho precário e escravo, mas nós estamos vigilantes e reforçando a necessidade de mais fiscais do trabalho para acabarmos com o trabalho escravo”, afirma. A direção da entidade continua no sul do país, para acompanhar e denunciar situações de trabalho escravo. Segundo Gabriel Bezerra, a Contar, Federações e Sindicatos, vão iniciar uma jornada no país, para denunciar as situações de trabalho nas cadeias produtivas do café, cana de açúcar, pecuária e fruticultura.