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segunda-feira, 07 de março de 2016

8 de março – Dia Internacional da Mulher

Agora É Que São Elas: mulheres Empreendem no Campo. Protagonismo feminino no campo vem despontando com apoio da FETAEP e dos Sindicatos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais.

Antes de começar a trabalhar com produção de rosas no município de Araruna (Região Centro-Oeste), a trabalhadora rural Aparecida Bondezan Ramalho, trabalhava em regime de economia familiar juntamente com o marido, sogros e cunhados no aviário da família. No entanto, após o falecimento do sogro, a família se viu obrigada a reorganizar-se economicamente e buscar alternativas de renda que pudessem complementar os ganhos mensais – uma vez que a propriedade foi dividida. Foi nesse conconteudo, e pensando em soluções para o problema, que Cida - como é carinhosamente chamada pelos amigos e familiares - tomou as rédeas dos negócios e cogitou investir em uma atividade econômica diferente.

Em 2006, a trabalhadora rural teve a ideia de cultivar e comercializar flores. A partir daí, como ainda não tinha certeza de qual tipo de flor plantar, passou a fazer pesquisas intensas de mercado e pensar em estratégias para que o empreendimento desse certo. “Acreditava muito no negócio. Depois de procurar muitas informações, além de contar com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Araruna (STTR) e da família, optei pelo cultivo de rosas e em 2011 iniciei uma pequena plantação”, conta ela.

De 2011 para cá, sua produção foi aumentando progressivamente e ela passou a viajar em busca de aperfeiçoamento e mais conhecimentos na área. Em 2013, acessou o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) por meio do Sindicato. Com os recursos, foi possível investir nos negócios e como resultado a família já conseguiu comprar um veículo utilitário usado para o transporte da produção. “Se não fosse o Sindicato, eu não teria conseguido vencer a burocracia para acessar o crédito”, revela a trabalhadora rural que é filiada ao STTR há 11 anos. Hoje sua produção de 9600 pés ocupa um espaço de 3.000 m², com o cultivo de 15 variedades de rosas. O resultado desse desafio pessoal, garante ela, transformou a vida de todos os membros da família, que hoje já não dá conta de atender toda a demanda de clientes e pedidos.

Outra trabalhadora rural que resolveu inovar e colocar seus projetos em prática foi Ivone Francisca de Souza, do município de Colorado (Região Norte). Ela, que começou vendendo ovos em feiras, não estava satisfeita com a renda anual da família, que já não era suficiente para suprir os gastos mensais. “Depois de um ano trabalhando com os ovos, comecei a pensar em alternativas de inovação que pudessem aumentar minhas vendas”, disse.

Ivone revela que ficava pesquisando e se questionando o que faltava na feira e quais estratégias poderia adotar para atrair mais clientes. Foi então, em uma viagem a Maringá, que ela tomou a decisão. “Um dia fui a Maringá e vi que vendiam suco de laranja em uma das barracas, e fazia muito sucesso. Então, decidi apostar nisso”, conta ela. Em 2011, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Colorado, ela acessou o crédito do PRONAF Mulher, o que lhe permitiu investir e melhorar sua produção.

Atualmente, ela tem quase 200 pés de laranja em sua propriedade de dois alqueires e pretende ampliar o negócio ainda mais, pois almeja vender também as frutas que está produzindo. “Independência financeira empodera as mulheres e gera mais igualdade de gênero. Não deixem de investir emocionalmente e materialmente em seus projetos por falta de estímulo de parentes, marido, ou outras pessoas. É extremamente transformador”, aconselha Ivone.

Para a FETAEP, a história de Aparecida Bondezan e de Inove de Sousa são apenas alguns dos diversos exemplos de empreendedorismo feminino na área rural do Paraná. Assim como as mulheres das regiões urbanas, as do campo desempenham, diariamente, diferentes papeis sociais e econômicos: são trabalhadoras rurais, exercem funções em negócios familiares ou trabalham como autônomas; cuidam dos filhos e ainda são responsáveis por uma parcela desproporcional do trabalho doméstico não remunerado. “Muitas dessas mulheres, porém, estão enxergando no empreendedorismo uma possibilidade viável e desafiadora para a conquista de uma maior autonomia financeira e melhoria da renda familiar mensal ao mesmo tempo”, afirma a secretária de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (FETAEP), Marucha Vettorazzi.